Aí, camarada…

Ana Claudia de Souza
3 min readOct 13, 2020

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Não é errado querer melhorar de vida, estudar sobre como administrar suas finanças ou querer prosperar com seu próprio negócio. Mas a maior falácia do capitalismo da qual os coaches se utilizam para nos seduzir é a meritocracia. Eles nos fazem acreditar que atingir o sucesso financeiro depende única e exclusivamente de nossos esforços. Que nós temos tanta chance de prosperar quanto o herdeiro de uma fortuna, pois se o tal herdeiro não souber administrar seu patrimônio ira perdê-lo, ou seja, usam de afirmações verdadeiras para validar ideias falsas. É claro que alguém que gerencia mal seus bens pode fracassar, mas quem você acha que tem mais chances de perder sua fonte de renda, não conseguir pagar o aluguel deste mês e ser despejado? Um milionário ou você?

É muito comum usarem evidências anedóticas ou “cases de sucesso” como os coaches gostam de chamar, para nos mostrar alguém que saiu do subúrbio e transformou-se num empresário multimilionário. “Vejam como nosso sistema econômico é incrível: Ele permite que você saia da pobreza e se torne um de nós!”. O liberalismo vende uma esperança: quanto mais você topa se submeter à exploração de um rico, mais chances você tem de tornar um rico explorador! Não é ótimo?
Se todas as pessoas acreditarem nisso e empregarem todo seu esforço nessa missão, todas elas vão lograr êxito? Não. Portanto as chances de você ascender socialmente são muito pequenas.

Além disso, suponhamos que com todo seu trabalho, perseverança e uma boa pitada de sorte você deixe a condição de pobreza e passe a integrar a elite. Você ficaria bem ao olhar para os seus pares e vê-los em situação de calamidade? Não seria mais justo se todos tivessem uma situação de vida confortável? Bem, para que isso seja possível não podem existir pessoas bilionárias pois “na civilização a pobreza brota da própria abundância” (Do socialismo utópico ao socialismo científico — Frederich Engels).

Uma das coisas mais tristes sobre essa discussão é o fato de que aparentemente as pessoas aprovam este sistema desigual em detrimento de um mais justo pelo fato de que a felicidade que o dinheiro traz está condicionada a meu colega ter menos do que eu. Ou seja, prefere-se batalhar a vida inteira pela possibilidade de talvez, e somente talvez, ter acesso a riquezas que outras pessoas não tem do que viver numa sociedade onde você e seu colega terão o mesmo padrão de vida.
Este sentimento, é claro, favorece o capitalismo. Mas não poderia ser diferente visto que é criado e alimentado por ele pois “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor” (Pedagogia do Oprimido — Paulo Freire).

Graças ao belo trabalho de propaganda anticomunista que a burguesia financia, algumas pessoas acreditam que o objetivo do comunismo é transformar a todos em miseráveis e exterminar a possibilidade de você ascender socialmente. Demonizar o comunismo é uma ótima estratégia para manter massas alienadas e explorá-las enquanto as faz crer que tornar-se o próximo Jeff Bezos depende tão somente de cada um de nós.

No entanto, em termos muito simplificados, o comunismo visa que todo trabalhador colha os frutos de seu trabalho, diferentemente do capitalismo onde os lucros são inteiramente destinados ao detentor dos meios de produção. Portanto, ao meu ver, existem dois tipos de pessoas contra o comunismo: os burgueses e os trabalhadores sem consciência de classe. O primeiro grupo sabe que o fim do capitalismo seria ruim para eles visto que não poderão mais explorar o trabalhador ao seu bel prazer, o segundo acha que pertence (ou que um dia pertencerá) ao primeiro.

Os textos aqui publicados são reflexões que me ajudam a compreender a mim mesma, ao meu entorno e meus estudos. Com este não seria diferente. Deixo claro que estou engatinhando em meus estudos sobre Marxismo e escrever me ajuda a fixar o aprendizado. Portanto, se eu tiver cometido algum equivoco teórico ou se você tiver algo a acrescentar, fique a vontade para comentar!

Se tiver curtido o texto, não esqueça de deixar seus aplausos!

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Ana Claudia de Souza

Poeta, ilustradora, militante, periférica, ateia, marxista-leninista.